Estou nesta cidade há 34 anos, desde 1978, quando tive a
felicidade de ingressar no serviço público de Cubatão, mais precisamente para
prestar serviço como Cirurgião Dentista no antigo SAMOE - Serviço de Assistência Médico-Odontológica
Escolar. Na época, o alcaide do município era Carlos Frederico Soares Campos,
prefeito nomeado no período em que a Rainha das Serras ainda era considerada
Área de Segurança Nacional. Um homem que, apesar de não ser natural da cidade,
conduzia a administração focada na valorização do serviço público como mola
propulsora do desenvolvimento econômico e social. Os investimentos dos recursos
financeiros promoviam com ênfase a educação e a saúde no município.
Mais dois prefeitos indicados passaram pela prefeitura, após
a era Campos, que, ainda não sendo naturais da bela região emoldurada de palmas tão
brasileiras, muito fizeram pelo seu progresso, a ponto de, após Cubatão
reconquistar a sua autonomia administrativa, foram reconduzidos ao cargo por
mais duas vezes cada um, através do voto direto.
Há ainda os que renegam o passado de crescimento, com a
locomotiva administrativa, como aquela que tinha o seu lugar garantido no
“Velho Parque Anilinas”, depois chamado de Cidade da Criança até a tão propalada
reforma atual, conduzida por mais 16 anos seguidos por esses dois cubatenses de
trabalho e de coração.
Depois deles, veio um médico, mineiro de nascimento, mas,
com a garantia do compromisso e comprometimento com a terra cantada em verso e
prosa por Afonso Schmidt, calcado nos longos anos que dedicou à coletividade no
Sindicato dos Metalúrgicos e no seu próprio consultório, purificando os pulmões
cidadãos. Não posso afirmar que a tão falada cura aconteceu por completo, mas a
publicização implementada no Hospital Modelo, e é esse o nome que,
carinhosamente, a população resolveu manter, sem desmerecimento ao inesquecível
Dr. Luiz Camargo, trouxe uma gestão mais profissional a esse importante
equipamento de saúde construído, inaugurado e colocado em funcionamento pelo Cosipano ilustre, e, tão ansiado por toda a
comunidade.
É claro, que todos esses atores sociais da história
cubatense citados acima, não podem ser considerados perfeitos nas suas
atuações, pois o ser humano, considerado como a mais perfeita das máquinas,
também é sujeito à falhas, mas o objetivo foi sempre acertar, mesmo que,
errando, às vezes.
Porém, chegou o dia em que os eleitores resolveram que a
magia do condão de fadas deveria conduzir à cadeira que dirige os
destinos da fonte de força e luz, uma cubatense legítima, e, ainda mais,
avalizada pelo partido tão aclamado pelo povo brasileiro, para conquistar a tão
sonhada mudança que culminaria na verdadeira independência que seria rompida em
canto
viril.
A princípio, nos pareceu que estávamos no caminho certo com
a multiplicação dos recursos financeiros subindo a escala da riqueza nacional,
afinal, em dados estatísticos projetados por especialistas em planejamento da
grande equipe estelar, alcançaríamos em 2012 o topo da escada da renda per
capita entre todos os municípios brasileiros.
Ora, se a riqueza financeira extrapolou todas as
expetativas, porque os cerca de 60% de famílias faveladas não conseguiram
também a sua independência?
Paradoxo total, pois, então, porque se criou o bolsa família
municipal?
Porque o sistema de saúde começou a entrar em colapso?
Porque a educação perdeu o seu poder de propiciar cidadania?
Porque se desmantelou o sistema de atendimento aos menores
abandonados?
E os servidores, porque não mereceram o reajuste mínimo?
Porque a comissão nomeada pela própria comandante-mor do
executivo não teve respeitada a sua proposta de Plano de Cargos, Carreira e
Salários baseada em estudos exaustivos e bem fundamentados?
E o que se dizia legítimo representante da categoria dos
servidores municipais que parecia que ia marcar a história na defesa dos
direitos inalienáveis dos associados e não associados, porque voltou atrás na
sua decisão?
E, quantos outros porquês,
podemos relacionar?
Ora, mas o grande argumento de defesa dos membros
situacionistas com relação à mudança está nas opções de diversão e lazer:
cinema, teleférico, enfim, o Novo Anilinas.
Mas, será que só com isso se constrói o direito cidadão?
Enfim, uma grande parcela dos eleitores deu a sua resposta
nas urnas e decidiu manter a vitoriosa equipe para que a Rainha
das Serras continue a ser abençoada com o Sinal da Santa Cruz!
Senhora prefeita
Marcia Rosa, eu não fui seu eleitor, mas como filho adotivo desta terra por
onde Anchieta passou, peço-lhe do fundo do coração, que dispa-se dos grilhões
partidários e incorpore-se dos conceitos de paz, amor e tradição inerentes à sua terra natal e valha-se de mais uma chance que lhe foi
creditada para administrar esse município, isenta dos compromissos políticos, pois
só assim vossa senhoria poderá fazer Cubatão mudar, realmente, para melhor!!!
Aí, sim, voltaremos a mostrar a todo o Brasil o valor de Cubatão desde os primórdios de sua história e de suas raízes emancipadoras!!!
CRUZEIRO QUINHENTISTA