quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sou Dentista! E agora?

Estava eu refletindo sôbre a escolha que eu fiz em 1966, sôbre qual carreira seguir, e me lembrei quando procurei um Dentista de minha cidade natal, Taquaritinga, o saudoso Dr. José Fucci, para ouvir sua opinião sobre a minha decisão e ouvi dele algumas palavras que procuravam me encorajar, mas, ao mesmo tempo, me fazer desistir do projeto de vida de cursar uma Faculdade de Odontologia.
Resolvi colocar as sua palavras na balança, e esta pendeu para a minha pretensão inicial.
Foi assim, que prestei o vestibular para a Faculdade de Odontologia de Araraquara, na época um Institulo Isolado e, em 1967 iniciei o Curso de Odontologia.
Durante quatro anos, com muitas dificuldades e estudando em tempo integral, me preparei para exercer a nobre profissão, responsavel pela manutenção da saúde bucal.
Dezembro de 1970, eis-me formado. E, agora, o que fazer? Condições financeiras para concretizar o sonho de me estabelecer com consultório em  São José do Rio Preto, não tinha. Já agradecia muito o meu pai e minha família pelo sacrifício de me ver ostentando o título de Cirurgião Dentista. Tenho guardada comigo até hoje, a placa de bronze que meu pai, em mais um esforço, tinha mandado confecionar e me deu de presente de formatura. Numa época em que era usual a montagem de consultórios em casas térreas, pois nas pequenas cidades do interior não existiam salas em edíficios altos, o costume exigia a colocação de uma placa de bronze com o nome e apenas a inscrição "Cirurgião Dentista" logo abaixo.

Para que pudesse iniciar minha vida clínica fiz o que muitos faziam na época, fui procurar emprego em São Paulo.
Que epopéia, num tempo em que o serviço público só oferecia empregos apenas por meio dos concursos na Secretaria de Estado da Educação, através do antigo DAE e Secretaria de Estado da Saúde, para exercer a função nas escolas estaduais e Centros de Saúde do Estado.
O que sobrou, então? As famosas clínicas dentárias populares que começavam a proliferar por todos os cantos da Grande São Paulo.
Acabei iniciando a minha vida profissional na Clínica Dentária Marechal Deodoro em São Bernardo do Campo, onde dei os meus primeiros passos como Cirurgião Dentista. Apesar das condições ruins de trabalho, foi uma experiência com alguns pontos positivos, que começaram a tornar possível a concretização do sonho de ser um discípulo de Pierre Fouchard e Tiradentes. O prazer de ajudar a resolver os problemas odontológicos de pacientes com mínimas condições financeiras, compensava o cansaço físico que advinha do atendimento médio de, pasmem, oitenta pacientes por dia. Foi uma escola de vida em que o aprendizado na faculdade se transformou em lições práticas no dia a dia do exercício da nova profissão.
Continuo a história em outra postagem!

3 comentários:

  1. Sou Dentista, e agora ? Se mata desgraçado!! ahuahaua brincadeira ótima a postagem como sempre Edélcio.. Abraço

    ResponderExcluir
  2. mnuito bom o texto! sou recém formado e mudam-se os personagens mas a história se repete! abraços.

    ResponderExcluir
  3. Edélcio, a sua estória é tão igual a de muitos dentistas, incluindo eu.
    Ao ler a postagem, senti saudades do inicio da profissão, dificil sim, mas digna e gratificante.
    Essas estórias nos enchem de alegria e trazem muitas recordações.
    Continue a contar...................
    Maria REgina

    ResponderExcluir