terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Conheça os mitos e as verdades do flúor

No Congresso Internacional de Odontologia do Centenário, em São Paulo, os professores-doutores da Unicamp, Jaime Aparecido Cury e Livia Maria Andaló Tenuta, esclareceram dúvidas sobre flúor.
Há mais de meio século, o Brasil começou a implementar a estratégia de maior sucesso usada em saúde publica no mundo para o controle da cárie dentária: a adição de flúor ao tratamento da água de abastecimento público. Os professores-doutores Jaime Aparecido Cury e Livia Maria Andaló Tenuta, ambos da Faculdade de Odontologia da Unicamp, falaram hoje (30) sobre o assunto, na palestra “Flúor: mitos e realidade de seu uso coletivo, pessoal, profissional e das suas combinações”, durante o Congresso Internacional de Odontologia do Centenário, promovido pela APCD – Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas, no Expo Center Norte. Seguem algumas questões ligadas ao flúor, que geram perguntas entre profissionais e leigos.

O que é o flúor?
O flúor é uma substância natural encontrada largamente na natureza na forma de gás, de ácidos e de minerais, o qual tem sido usado mundialmente na prevenção de cárie dentária.

Como o flúor atua no controle da cárie?
A cárie é provocada por dois fatores: a organização de bactérias bucais na superfície dos dentes (formando a chamada placa bacteriana ou biofilme dental) e a exposição frequente à açúcares da dieta. O açúcar é transformado em ácidos pelo biofilme dental, dissolvendo os minerais dos dentes por um processo chamado de desmineralização. A desmineralização é parcialmente reparada pela saliva por um processo inverso, conhecido por remineralização. Se o flúor estiver presente na boca ele reduz a desmineralização e ativa a remineralização dos dentes reduzindo o efeito final do processo de desenvolvimento de cárie.

Quais são os meios de aplicação de flúor?
Existem meios coletivos, individuais, profissionais e suas combinações. A fluoretação das águas de abastecimento público é um meio de uso coletivo do flúor no Brasil. Pela Lei Federal nº 6.050/74, as cidades com estação de tratamento de água fluoretar a água. Os meios individuais incluem dentifrícios e soluções para bochecho diário. Há produtos para a aplicação profissional e materiais restauradores liberadores de flúor.
Dependendo do caso, o cirurgião-dentista pode recomendar o uso combinado dos meios de flúor para pessoas que têm dificuldade para controlar o processo de cárie (gente com alta exposição a carboidratos fermentáveis (em geral sacarose), que usa aparelho ortodôntico, têm pouca saliva devido ao uso de medicamentos etc). Um exemplo de uso combinado é fazer a escovação com dentifrício fluoretado e bochecho com solução fluoretada. Do mesmo modo, a aplicação de flúor pelo cirurgião-dentista é recomendada para pacientes que não fazem auto-uso de flúor, quer seja por questão de comportamento ou deficiência física ou mental.

Qual a concentração de flúor na água fluoretada? Existe alguma forma de se calcular essa concentração referente à quantidade da população de determinado local?
A concentração de flúor a ser adicionada na água é feita segundo cálculo matemático que considera a temperatura média anual da localidade. Se as pessoas bebem mais água porque está mais calor, a concentração do flúor na água deve ser menor. No Brasil, por ser um país tropical, a concentração “ótima” de flúor na água da maioria das cidades é de 0,7 ppm (mg/L).

Pode-se aumentar ou diminuir a concentração de flúor na água de acordo com o índice de cárie na população?
Não. Em locais com alta prevalência de cárie, uma maior concentração de flúor não é indicada porque irá aumentar a fluorose dentária – único efeito colateral da água fluoretada, que ocorre durante a formação dos dentes. A fluorose é percebida pelo aparecimento de linhas brancas transversais nos dentes. Já uma menor concentração reduz o efeito anticárie do flúor.

A pessoa que vive em uma cidade com água fluoretada, mas bebe água mineral, não se beneficia com a fluoretação?
Mesmo quem não consome água de abastecimento público fluoretada é beneficiada, porque geralmente cozinha com essa água. Assim, refeições com arroz-feijão cozidos com água fluoretada são responsáveis por 50% da quantidade de flúor ingerido por dia.

Crianças menores de dois anos podem usar dentifrícios fluoretados?
O flúor em creme dental é essencial para controlar a cárie. A criança que não usa dentifrício fluoretado estará sendo privada do benefício anticárie do flúor. Para diminuir o risco de fluorose, deve-se se usar uma pequena quantidade (igual a um grão de arroz cozido) de dentifrício de concentração convencional (1000-1100 ppm de flúor) e a escovação deve ser supervisionada pelos responsáveis pelas crianças até que elas possam se cuidar de si próprias, um processo educativo como qualquer outro. Infelizmente, ao invés de educar, há certa pressão pelo uso de dentifrício sem flúor ou de baixa concentração.

Fonte: Portal Bagaraí

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